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Cultura da mangaba em Aracaju está em risco de extinção

CUT Sergipe participa da luta em defesa das mangabeiras no bairro Santa Maria

Publicado: 24 Dezembro, 2020 - 03h19 | Última modificação: 24 Dezembro, 2020 - 07h00

Escrito por: Iracema Corso

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O fruto da mangaba é elemento da cultura de Sergipe. A região das mangabeiras no bairro Santa Maria, em Aracaju, com mais de 6 mil mangabeiras e 2 mil cajueiros, entre vários outros pés de fruta, é parte importante desta história, é a terra mãe da cultura da mangaba no estado sergipano.

Nesta semana, dirigentes sindicais e membros do Coletivo de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) pisaram neste chão e conheceram algumas das 11 famílias de catadoras e catadores da mangaba, que há mais de 60 anos trabalham com extrativismo do fruto e ajudam a preservar as árvores da região.

Na última segunda-feira, dia 21 de dezembro, o Sr. Uilson de Sá da Silva, presidente da Associação de Catadoras e Catadores de Mangaba Padre Luiz Lemper, organizou uma roda de conversa entre os visitantes e catadores do fruto.

A articulação sindical em apoio à cultura da mangaba em Aracaju acontece num momento de recente ataque do Poder Público Municipal que ordenou a derrubada de árvores e barracos na região, símbolo da produção de mangaba, patrimônio do povo sergipano.

“A guarda municipal violou os direitos dos povos de comunidades tradicionais porque adentrou a área de extrativismo motorizada, com armas na cintura, depois ficaram dentro da área do seu Hildo com arma em punho para a derrubada do barraco do seu Hildo. Após a retirada dos barracos, aconteceu a retirada das árvores. Mais de 60 árvores foram derrubadas entre mangabeiras, adicuri e cajueiros, só de mangabeiras, 57 árvores”, revelou o senhor Uilson.

Contra os defensores do empreendimento imobiliário que pretendem derrubar todas as árvores da região, existe a vontade das catadoras e catadores de mangaba de transformar a área das mangabeiras também num espaço de difusão da cultura da mangaba. Este sonho conta com o amparo dos relatórios técnicos da Embrapa, da Associação Nacional de Geógrafos e os direitos assegurados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas depende de decisão da Justiça Federal e de vontade política para se concretizar.

“As mangabeiras são um patrimônio de Sergipe, não é nosso. Pedimos apoio da sociedade para nos ajudar a preservar este patrimônio cultural do povo sergipano. Estamos aqui há mais de 35 anos e a outra geração de catadores de mangaba chegou aqui há mais de 60 anos. É uma comunidade que precisa ser vista e conhecida. Sergipe precisa conhecer este lugar. Temos o amparo técnico, temos a força das nossas famílias que resistem, temos a força própria, a nossa força”, completou o senhor Uilson.

Apoio da CUT
Dirigente sindical do SINDIJUS e militante do Coletivo de Mulheres da CUT Sergipe, Sara do Ó, visitou a região das mangabeiras e apoia a luta pelo direito das famílias de continuarem na região. “É inaceitável que esta linda região produtiva esteja prestes a desaparecer para dar lugar à construção de empreendimentos imobiliários. Me solidarizo com as famílias daquela região que tiram seus sustentos da colheita dos frutos. Entendo que o desenvolvimento urbano pode andar de mãos dadas sem precisar destruir a natureza”, afirmou.

Secretária de Organização Política e Sindical da CUT/SE, Joelma Dias lembrou que no bairro Santa Maria tem uma das principais reservas de água mineral de Aracaju, portanto a preservação ecológica da região é muito importante. “Pela preservação da mangaba, é necessário que a CUT esteja presente nesta luta com a promoção de oficinas, divulgação deste espaço ecológico e culturalmente importante para Sergipe. A partir da mangaba, nesta área, além do extrativismo, há culinária artesanal, licores, bolos, biscoitos, compotas... Esta região precisa ser preservada e a CUT Sergipe está presente nesta luta”, destacou.

Em seu último Congresso Nacional, em outubro/2019, a Central Única dos Trabalhadores entendeu a necessidade de prestar apoio e unificar a luta junto aos trabalhadores e às trabalhadoras informais, de comunidades tradicionais, extrativistas, pescadoras, artesãos, entre outros grupos produtivos. Assim, a CUT Sergipe iniciou neste ano a filiação de associações e cooperativas. A partir de 2021, a central iniciará um processo de formação destes trabalhadores.

Neste contexto, a Secretária da Mulher da CUT Sergipe, Cláudia Oliveira convida todos os militantes sindicais e sociais a prestarem seu apoio à luta das catadoras e catadores de mangaba. Ela divulga que na manhã do dia 9 de janeiro, acontecerá o Café da Manhã Partilhado com as Comunidades de Extrativismo da Mangaba em Santa Maria.